DEFESA DE DISSERTAÇÃO: Matheus Silva Freitas
A defesa da dissertação de Mestrado intitulada Schopenhauer e o argumento por analogia na transição da aparência para a coisa em si, de Matheus Silva Freitas, ocorrerá às 10:00h, no Auditório do Departamento de Filosofia.
Resumo: No §19 de O mundo como vontade e como representação, Schopenhauer (1788-1860) procura desvendar a essência do mundo por meio de uma analogia com o nosso próprio corpo. Para alguns comentadores, essa analogia é formulada em termos de um argumento, em que toda similaridade constatada entre as coisas corpóreas, em seu aspecto exterior, é apontada como premissa, da qual se conclui que elas devem ser idênticas também em seu interior; portanto, são exatamente aquilo que cada ser humano pode conhecer por meio de uma autorreflexão, a saber, “vontade”. Outro grupo de intérpretes rechaça que Schopenhauer ofereça a analogia como uma prova, no sentido da lógica formal. Segundo eles, a consideração analógica é, antes, um instrumento de acesso ao cerne da natureza, a partir da interpretação da experiência interna humana. Com base na bibliografia especializada, dois questionamentos se impõem e norteiam esta dissertação: a) como sustentar que a analogia foi mesmo empregada como uma prova, tendo em vista as inúmeras objeções a que ela está sujeita, de uma perspectiva da lógica clássica? E, b) se ela se configura como um instrumento de acesso à essência do mundo, o conhecimento dessa essência é, por isso, mais incerto que aquele mais imediato, percebido por cada um dentro de si mesmo? Cada uma dessas questões será abordada contra um pano de fundo específico: a primeira, à luz da epistemologia de Schopenhauer, a segunda, a partir de sua crítica da maneira como Kant aborda o problema da coisa em si. Caso a analogia seja lida como um “argumento retórico”, que não tem a intensão de provar uma tese com correção formal, mas apenas de persuadir o interlocutor de sua verossimilhança, as discussões sobre sua validade ou invalidade redundariam secundárias. Essa é a chave de leitura que a presente dissertação propõe como alternativa, e que suscita uma terceira questão: é possível esperar que essa verossimilhança seja convertida, de fato, num conhecimento verdadeiro do caráter mais íntimo mundo? Essa resposta será buscada, sobretudo, em manuais de retórica e nos pontos de contato que o próprio Schopenhauer destacou, entre a sua metafísica e as ciências empíricas de sua época.
Banca examinadora: Prof. Dr. Arthur Eduardo Grupillo Chagas (orientador/presidente)
Prof. Dr. Edmilson Menezes Santos (PPGF/UFS)
Prof. Dr. Bruno Martins Machado (DPS/UFS)
Prof. Dr. Eduardo Brandão (USP)