28 de fevereiro a 28 de fevereiro

DEFESA DE DISSERTAÇÃO: Caio Graco Queiroz Maia

A defesa da dissertação de Mestrado intitulada A crítica de Walter Benjamin ao conceito de vivência no Ensaio “As afinidades eletivas de Goethe”, de Caio Graco Queiroz Maia, ocorrerá às 15:00h, na sala 301 da Didática VII.

Resumo: A teoria benjaminiana do “empobrecimento da experiência na modernidade” tem, entre seus principais elementos, a crítica ao conceito de vivência (Erlebnis). Daí o tema do presente trabalho, que visa a primeira elaboração desenvolvida dessa crítica, tal como se encontra no ensaio benjaminiano sobre “As afinidades eletivas de Goethe”. Nessa primeira elaboração, Benjamin relaciona o conceito de vivência ao problema metodológico próprio à crítica de arte, à historiografia de arte e à biografia: o problema da fronteira entre conteúdos da vida e conteúdos da obra. Em outras palavras, trata-se do problema proveniente da concepção corrente e da prática disseminada, que integram tais conteúdos, colocando-os em um só e mesmo patamar, a fim de que possam iluminar-se ou esclarecer-se mutuamente. Ainda nessa primeira elaboração crítica, Benjamin dirige-se nominalmente contra a obra “Goethe”, de Friedrich Gundolf. Por outro lado, suas considerações críticas acabam por alcançar também Wilhelm Dilthey (principalmente em sua obra “Das Erlebnis und die Dichtung”), na medida em que o filósofo inseriu o termo vivência (Erlebnis) na filosofia, conceituando-o, e assim, influenciou consideravelmente autores como o próprio Gundolf. Trata-se de analisar e caracterizar, primeiramente, os desenvolvimentos do conceito de vivência em Dilthey e Gundolf, apontando para as suas particularidades, similaridades e diferenças. Em seguida, voltar-se à perspectiva crítica de Benjamin, confrontando-a com os resultados encontrados naqueles autores. Pode-se destacar, por um lado, a relação entre Erlebnis, vida e expressão poética, desenvolvida por Dilthey no ensaio “Goethe e a fantasia poética” (que compõe “Das Erlebnis und die Dichtung”) e, por outro, a conceituação de Erlebnis como dado básico da relação entre sujeito e mundo, elaborada, pelo mesmo autor, em “A construção do mundo histórico nas ciências humanas”. Em Dilthey, a Erlebnis torna possível o conhecimento histórico mediante a consideração da vida comum a todo sujeito. Gundolf, por sua vez, também interpreta a obra de Goethe a partir do conceito de Erlebnis, aqui considerado como aquilo que é expresso na poesia. Além disso, Erlebnis constitui, juntamente com o conceito de obra, o conceito de Gestalt (vide a caracterização de Goethe como indivíduo de grande valor histórico e, ao mesmo tempo, acima dos outros homens). Nesse sentido, observamos como Benjamin se refere à mitologização do artista a partir do uso do conceito de Erlebnis. Para o filósofo, com os trabalhos de Dilthey e, principalmente, de Gundolf, ocorrem erros de demarcação na fronteira entre obra e vida, mas também entre humano e sobre-humano, entre mítico e divino, que acabam por tornar o artista uma figura sobre-humana, monumentalizando-o como verdadeiro herói mítico.

Banca examinadora: Prof. Dr. Everaldo Vanderlei de Oliveira (orientador/presidente)

Prof. Dr. Arthur Eduardo Grupillo Chagas (PPGF/UFS)

Prof. Dr. Péricles Morais de Andrade Junior (DCS/UFS)