A defesa da dissertação de Mestrado intitulada Psicologia social e política em Gustave Le Bon e Sigmund Freud, de Renata Dias Ribeiro, ocorrerá no dia 28/02/2020, às 14:00h, na sala 302 da DIdática VII.
Resumo: Gustave Le Bon (1895-1931), em sua obra Psicologia das multidões (1895), ao desenvolver um sistema segundo o qual se relacionam uma gama de conceitos provenientes da psicologia social emergente, ou seja, da virada do séc. XIX para o XX, abre caminho para uma discussão de suma importância para a nova política que se configura na Europa na primeira metade do século passado. Partindo das considerações de Le Bon, a hipótese que orienta nossa pesquisa consiste em mostrar que a política e o campo intersubjetivo dos afetos são indissociáveis. Nessa perspectiva, remontaremos a principal obra de Gustave Le Bon, resgatando seus principais conceitos tais como multidão, sugestão e contágio, tendo em vista uma abordagem aprofundada de categorias que se apresentam no desenrolar desses conceitos, tais como imaginação e inconsciente. Ora, se o fenômeno da multidão é um advento que revela como as transformações na história estão diretamente vinculadas aos sentimentos mais primitivos dos povos, de tal sorte que a sugestão e o contágio revelam-se por via de um imaginário coletivo forjado por um líder, podemos seguir nossa investigação apontando para a relação entre a política e a dinâmica dos afetos. O segundo momento desta pesquisa, aprofunda-se nesse sistema desenvolvido por Le Bon, mas à luz da psicanálise freudiana, uma vez que Sigmund Freud, sobretudo em textos como a Psicologia das massas e análise do Eu, além de reafirmar a importância do estudo das multidões, investe na compreensão das mudanças psíquicas dos indivíduos em um grupo ou massa. Para isso, ele apresenta conceitos que figuram certa continuidade, ao mesmo tempo que rompe em vários aspectos em relação à tese leboniana, com destaque para as noçõe de libido e identificação. Ademais, nos parece pertinente revisitar a obra de Theodor Adorno, intitulada A teoria Freudiana e o padrão da propaganda fascista, pois nela encontramos uma interpretação singular da teoria freudiana, além da ilustração de como a propaganda fascista se serviu amplamente do estudo da psicologia das multidões para angariar adeptos cegos e subservientes, o que nos faz crer ser assunto indispensável para a presente investigação no campo da ética e da filosofia política.
Banca examinadora: Prof. Dr. Antonio José Pereira Filho (orientador/presidente)
Prof. Dr. Matheus Hidalgo (PPGF/UFS)
Prof. Dr. Romero Junior Venâncio Silva (PPGF/UFS)
Prof. Dr. Leomir Cardoso Hilário (DPS/UFS)